EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUÍZA DE DIREITO DA xª.
VARA CRIMINAL DESTA CAPITAL;
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Processo de autos no. xxxxxxxxxxxx
Defesa Final
“”La verità è
nel tutto, non nella parte; e il tutto è troppo per noi.”
(CARNELUTTI, Francesco. Verità, Dubbio,
Certezza,
In: Rivista di
Diritto Processuale,
volume XX (II série), 1965, p. 5.)
AC, qualificado nos autos em epígrafe,
pelo advogado signatário, vem, mui respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, oferecer sua defesa final, nos seguintes fundamentos de direito e
de fato:
Preliminarmente,
Inexistência da suspensão
do prazo prescricional
Às fls. 68, o douto juízo mandou citar por edital
o perseguido sem que houvesse os pré-requisitos necessários para tanto, nos
termos do artigo 366, CPP. Redundou desta citação a suspensão do processo e do
lapso prescricional (fls. 72). Houve, ainda, a designação de provas antecipadas
(fls. 74).
Quanto à citação, foi renovada. Quanto às
provas, foram, também, renovadas. Tudo com base na alegação da defesa de fls.
146 e ss que alegava a nulidade daquela citação, tendo em vista que o endereço
do réu estava correto e o oficial de justiça havia declarado erroneamente que o
mesmo não existia. Assim também como não se esgotaram as diligências para se
confirmar o endereço, tendo em vista que a polícia e a sra. Maria (mãe dos
menores) sabiam onde o réu residia. De qualquer forma, houve a citação por
edital, nula, evidentemente, por esses móveis. Renovados os outros atos, não há
nenhum prejuízo, entretanto observe-se que a prescrição não deve ser
considerada suspensa neste interregno por lógica consequência da nulidade da
citação editalícia atípica (art. 361 c/c 564, III, “e”, c/c IV, CPP). Ex vi:
Art. 361 - Se o réu não for encontrado,
será citado por edital, com o prazo de 15 (quinze) dias.
(...)
Art. 564 - A nulidade ocorrerá nos seguintes
casos:
(...)
(...)
e) a citação do réu para ver-se processar, o seu interrogatório, quando presente,
e os prazos concedidos à acusação e à defesa;
(...)
A doutrina assim se posiciona:
“A citação ficta é
aquela realizada através de edital e somente poderá ser utilizada quando
esgotadas todas as possibilidades de encontrar-se o réu para realizar-se a
citação real.” (LOPES, Aury. Direito Processual Penal. 10ª. Ed., São Paulo: Saraiva, 2013, p.
747).
Como se pode observar dos autos, o mesmo
foi encontrado por diversas vezes pelos juízos cíveis (fls. 120 / 124); era
conhecido da mãe da vítima que sabia onde o mesmo residia (inquérito policial);
foi encontrado pela polícia no mesmo logradouro; tinha conta de água em seu
nome (fls. 104 / 105) e é o endereço constante do TRE (fls. 106), desta forma, data venia, não é crível que o oficial
de justiça não tenha encontrado o referido endereço. Por outra, o douto juízo
omitiu-se de investigar se o endereço estava ou não correto. O STJ já decidiu
assim:
HABEAS CORPUS Nº 209.466 - MG
(2011/0133715-2)RELATOR:MINISTRO JORGE MUSSI IMPETRANTE:BRENO GARCIA DE
OLIVEIRA ADVOGADO: BRENO GARCIA DE OLIVEIRA IMPETRADO: TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS PACIENTE: IVAN DINIZ BASTOS EMENTA HABEAS CORPUS .
CRIME CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA. CITAÇAO EDITALÍCIA. CHAMAMENTO INVÁLIDO. NAO
ESGOTADOS OS MEIOS PARA LOCALIZAÇAO DO RÉU. SUSPENSAO DO PROCESSO E DO PRAZO
PRESCRICIONAL. NULIDADE. CONSTRANGIMENTO ILEGAL CARACTERIZADO. ORDEM CONCEDIDA.
1. A citação por edital somente deve ser efetuada quando esgotados todos os
meios disponíveis para se encontrar pessoalmente o réu. 2. Na hipótese,
comprovou-se que havia nos autos outros dois endereços nos quais o paciente
poderia ser encontrado, embora tenha o magistrado singular optado por proceder
à citação editalícia. 3. Evidenciado
que o chamamento ficto foi ordenado em decorrência de deficiência no
cumprimento dos atos processuais, restando efetivo prejuízo ao acusado diante
da decretação da suspensão do prazo prescricional nos termos do art. 366 do
Código de Processo Penal , deve ser declarada a nulidade do feito (art. 564,
III, e , do CPP). 3. Ordem concedida, para anular o processo a partir
da decisão que determinou a citação do paciente por edital, inclusive.(Gf)
A denúncia foi recebida no dia 30-09-1998
(fls. 63 e seu verso), constata-se que se passaram quase 15 anos da data do
fato (10-02-1997), ininterruptos e não suspensos devendo assim ser analisado,
caso se ultrapasse a nulidade.
No mérito;
A
acusação não merece prosperar.
A defesa reconhece que, jurisprudencialmente,
há posição de destaque da palavra da vítima no cenário probatório nos crimes
sexuais. E assim porque a experiência forense demonstra que em tais crimes a
clandestinidade é circunstância quase sempre presente. Esta posição, aliás, é
afirmada também na jurisprudência de outros países, como é o caso da Espanha. A
doutrina também tem esse posicionamento. Nos dizeres de Mirentxu Corcoy Bidasolo e Santiago
Mir Puig:
En el ámbito
probatorio, basta para la sentencia condenatoria con que exista la testifical
de la víctima como única prueba de cargo (es lo normal en La mayoría de
supuestos! siempre que se cumplan ciertas garantías (SSTC 229/91; 173/90),
incluso cuando el único testigo es menor de edad (SSAP Girona 21-06-01; Las
Palmas 14-03-97). Garantías o requisito, de la declaración de la víctima: A) Ausencia de incredibilidad subjetiva, derivada de las relaciones
acusador/acusado que pudieran conducir a la deducción de la existencia de un
móvil de resentimiento, enemistad, venganza, enfrentamiento, interés.. B)
Verosimilitud: constatación de la concurrencia de corroboraciones periféricas de carácter objetivo que constaten la
existencia del hecho; C) Persistencia en la incriminación: prolongada en el tiempo, plural sin
ambigüedades ni contradicciones sobre extremos o elementos esenciales (...)
(COMENTÁRIOS AL CÓDIGO PENAL, REFORMA LO 5/2010, Ed. Tirant lo Bllanch, 2011,
pág. 428.)(GF)
Entretanto, como acima referido na obra de
Bidasolo e Mir Puig, há de se confrontar a palavra da vítima com outros elementos,
dentre eles a ausência do que os autores se referem como “incredibilidade
subjetiva”, derivada das relações acusador/acusado, a constatação de
corroborações periféricas de caráter objetivo e a ausência de ambiguidades.
Vejamos
os autos.
O primeiro ponto: A incredibilidade
subjetiva.
No caso dos autos, todos os três aspectos apontados
pelos autores espanhóis chamam a atenção. Embora nem sempre firme em suas
declarações, a vítima, então com 6 anos na data de seu depoimento na polícia
(fls. 17) e em juízo (fls. 84), mostrou-se sempre como vítima, mas com incomum
capacidade de lembrar-se de fatos quando tinha somente 5 anos de idade, expondo
os fatos excepcionalmente bem articulada em suas afirmações e colocações, o
que, dado o excesso, acaba por gerar, por si só, dúvida da voluntariedade e
credibilidade de suas declarações.
A excepcionalidade de tais depoimentos,
marcados por uma precoce racionalidade finamente articulada e ricamente
descrita em detalhes periféricos gera efetiva dúvida da voluntariedade e
fidedignidade de seu conteúdo. As
crianças não estão acostumadas a fornecer narrativas elaboradas sobre suas
experiências. Exemplos:
“enquanto a mãe dela tomava banho, enfiava
o dedo na vagina e no ânus dela (...) bem como no ânus do seu irmão menor (...)
colocava o pênis no ânus do irmão dela (...)” (fls.
17)
Isso é um
discurso de uma criança de 6 anos?
Está aí o atualíssimo estudo sobre a
Síndrome da Alienação Parental (Lei 12.318 de 26 agosto de 2010) que atesta a
possibilidade de um adulto fazer verdadeira lavagem cerebral, ou como o
psiquiatra norte-americano Richard
Gardner[1]
(foi o pioneiro na descoberta e constatação da Síndrome) denomina realizar a implantação de falsas memórias, em que
a criança passa a acreditar que um dos genitores é totalmente bom e o outro é
totalmente mau. Nem por outra razão, o legislador mandou consignar o art. 1.634,
inciso I, do Código Civil:
Art. 1.634. Compete aos pais,
quanto à pessoa dos filhos menores:
I - dirigir-lhes a criação e educação; (...)
Mas a riqueza de detalhes que a criança
aponta até poderia passar despercebida, não ser essencial, se o conjunto dos
depoimentos demonstrassem uma consonância. Todavia, há inúmeras contradições tanto no depoimento da menor, quanto
da própria mãe.
O
segundo ponto: As graves contradições nos depoimentos.
Maria
afirma que o pai nunca visitava
os filhos (fls. 14, 57), mas aponta que o mesmo abusou dos filhos várias vezes
(fls. 14 e denúncia):
“... mas, da última vez por exemplo, há mais de
um ano o indiciado não ia na casa da declarante, nem para ver os filhos;” (Declaração de Maria
na polícia, fls. 14, verso) (Gf)
Afirma que a infecção urinária da filha é
um sintoma do fato do pai ter introduzido o dedo no ânus e vagina da filha
(fls. 14). Mas a perícia
realizada não aponta hematomas
(fls. 30, 31) e a infecção urinária pode ter várias causas (fls. 51, 259, item B). De mais a mais,
observa-se que a infecção urinária teria surgido um dia após a
pseudo-violência, o que não comporta realidade na literatura médica (fls. 259,
item D).
Maria afirmou, depois voltou atrás no fato
da vítima estar com ou sem roupas na data do evento e “retificou-se” às fls.
173. O próprio MINISTÉRIO PÚBLICO
admite que MARIA mentiu no ponto (fls. 211):
“A acareação pretendida entre a mãe da vítima
e o acusado não se justifica, posto que a sra. Maria, às fls. 173, retratou-se quanto à afirmação de que
teria visto a vítima sem roupas. Assim, negando o réu haver despido a
criança, não há qualquer divergência a aclarar, nos termos do art. 229 do CPP,
pelo que o pedido merece indeferimento (...)” (Parecer do Ministério Público, fls. 211). (GF)
Todavia, em seu depoimento na polícia, dias
após o evento, disse:
“...
o indiciado vindo em sua direção, assustando dizendo: ‘aqui ó, eu tirei a roupa
dela porque ela queria tomar banho’; que
o indiciado estava com Gabriela, ora vítima, nua, e a menina parecia
também assustada; que a declarante gritou com o indiciado que ela não tinha
mandado ela tirar a roupa da menina
(...) que a declarante viu
então as peças de roupa de Gabriela
espalhadas pelo chão, sendo que a blusa
estava no corredor, a saia na porta do quarto e a calcinha dela na beirada da
cama (...) foi então que Gabriela
disse que o indiciado havia tirado a roupa de Rafael, também vítima, e
enfiado o dedo no ânus dele; que Gabriela disse que o indiciado também tirou a
roupa dela (...)” (Declarações de Maria na polícia, fls. 14, verso).
Às fls. 91, agora em juízo, a mesma sra. Maria:
“...sendo certo contudo que, ao sair do
banheiro, estranhou ver Gabriela
pelada e o acusado sem blusa;
que Antônio chegou em sua casa com blusa; que, questionado, o acusado lhe disse
que tinha tirado a roupa da menina
porque ela queria tomar banho...”
Entretanto, às fls. 173, em juízo, aponta o
seguinte:
“... retifica
quando disse que viu a sua filha sem roupa, uma vez que ela estava vestida e o
acusado com bermuda...”
Como
pode isso?
Primeiro afirma com riquezas de detalhes
onde a roupa da menina ficou espalhada
pelo chão, com riqueza de detalhes, indicando onde cada peça estava!!! E, em sequência,
retifica? Dizendo que a mesma estava
era vestida?
É
claro que mente.
Afirmou
que nunca chamou Antônio de maconheiro
ou que tivesse AIDS (fls.
173), mas as testemunhas de fls. 180, 182 e 201 afirmam CATEGORICAMENTE que ouviram de MARIA que ANTÔNIO era
MACONHEIRO e doente de AIDS. Maria mentiu também ao dizer que Gabriela
havia sido atendida no HC-UFMG (fls. 224).
Mas,
o mais grave de tudo é que, em juízo (fls. 82), Maria MUDA SEU DEPOIMENTO e acrescenta que teria havido SEXO ORAL
com os dois filhos. Mas isso NUNCA foi relatado nem por ela e nem por Gabriela!
Inclusive, Gabriela, afirma, também em juízo, que Rafael teria MORDIDO O PÊNIS
DO PAI (fls. 84). Mas como poderiam
se ESQUECER DESSE TÃO RELEVANTE FATO?! Será que não pediriam uma
perícia no pênis de Antônio para comprovar essa violência?! Demorou-se mais de DOIS ANOS para se lembrarem do
sexo oral?
Gabriela, psedo-vítima, afirma (fls. 17)
que foi violentada várias vezes e que o pai havia colocado o pinto em seu irmão
(fls. 17, 58 e 172):
“que se lembra de seu pai ter introduzido o
pênis no ânus de seu irmão” (fls. 172) em clara alusão ao sexo anal.
Disse que o pai a machucou em suas
genitálias e ânus (fls. 59, 84, 172):
“houve ferimento
físico.”
Relembre-se que se
tratava de uma criança de três anos!!!
Mas, os laudos técnicos não apontaram agressão
de nenhuma espécie (fls. 30 ut
32) nas pseudo-vítimas. Aliás, o laudo de fls. 59 e ss aponta que Gabriela tem
“necessidade de segurança” e está “confusa”, certamente pela mãe tê-la induzido
a mentir contra o próprio pai (implantação de falsa memória)...
Observa-se que alegam ter havido violência contra o filho homem,
mas ele não ficou internado
(fls. 43) e a perícia nada apontou
(fls. 32).
O terceiro ponto: As relações
acusadora/acusado.
Por outro turno, quando o casamento chega
ao fim, as partes sentem, via de regra, um alívio. Contudo, às vezes, uma das
partes se ressente e quer destruir o outro, principalmente perante os filhos.
E os autos são claros no sentido que a mãe,
sra. Maria, fez e faz de tudo para
prejudicar o réu.
Às
fls. 14, a sra. Maria já demonstra todo o seu ódio pelo réu e não é pela falsa acusação, mas porque o
mesmo queria a separação, aponta até que o ex-marido teria mandado alguém pegar
a filha na escola, como se fosse um sequestro.
Aponta que Antônio não ia nunca em sua casa, não visitava os filhos, mas CONTRADITORIAMENTE afirma que o
mesmo abusou várias vezes dos filhos.
Várias vezes onde? Quando? Se a mesma afirma que o réu nunca ia lá...
Às
fls. 57, o estudo social aponta que Maria se sentia incomodada pelas “namoradas” de Antônio e que o mesmo era maconheiro. Também na perícia
psicológica aponta essa distorção (fls. 252).
A
testemunha ANTÔNIO (fls. 176) afirma que já viu Maria SACUDINDO Antônio quando ele estava deitado
passando mal.
A
testemunha MARIA (fls. 178) afirma que Maria
era agressiva, BATEU no acusado, ameaçava o acusado dizendo que “iria acabar
com a vida dele” se separasse dela.
A
testemunha GERALDO FRANCISCO (fls. 179) afirma que já ouviu Maria AMEAÇAR o acusado e que o acusado era pacífico e
não reagia às brigas.
A
testemunha MARIA DA PENHA (fls. 180) afirma que várias vezes viu AGRESSÃO física de Maria contra o acusado. “Até
bater nele na firma ela batia”, disse. O acusado nunca reagiu. Viu Maria AMEAÇAR Antônio. Ouviu Maria
dizer:
“eu ainda vou
acabar com você, você me aguarde”.
Afirmou que Maria chegou a ir à estação de
rádio (fato confirmado pela própria Maria, fls. 173) e na rádio disse que o
acusado era ESTUPRADOR, MACONHEIRO E
DOENTE DE AIDS, isso foi antes da grave acusação.
A
testemunha GERALDO RODRIGUES (fls. 181) afirma que a ex-mulher Maria foi
diversas vezes na firma TECPLAN, onde Antônio trabalhava, dizendo que
“ia
acabar com a vida dele”.
Certa vez, inclusive, Maria BATEU NA CARA DO ACUSADO, mas esse não reagiu.
A
testemunha LÍLIA (fls. 182) ouviu na
rádio Maria dizendo que o acusado estava com AIDS e era VICIADO.
A
testemunha MARLENE (fls. 199) afirma que já viu Maria AGREDINDO fisicamente Antônio, puxando-o pela
camisa que chegou a rasgar. O
acusado não reagia. Que isso aconteceu na
rua, onde todos viram. Já ouviu dizer que Maria prometia acabar com a vida de Antônio por causa dos
ciúmes.
No
interrogatório (fls. 201), Antônio nega os fatos (também na perícia de fls.
283) e afirma que sempre foi vítima de agressões físicas e verbais por parte de
Maria. Que Maria BATIA no rosto do mesmo. Dentro de casa e mesmo na rua. Que Maria,
inclusive, já tinha rasgado a roupa do mesmo na rua e dizia que “iria acabar
com a vida” dele. Que fazia isso por ciúmes, nos mesmos termos ditos na perícia
psicologia (fls. 283). Que o acusou de ter AIDS e de ser MACONHEIRO.
O
réu, entretanto, nunca fumou maconha e nem tem AIDS (fls. 278).
A pedofilia.
Observe-se também, Meritíssima, que o
pedófilo é um doente. Ele não consegue refrear sua libido. Desta forma, não
existe isso de um sujeito introduzir o pênis em uma criança (próprio filho!) de
4 anos, o dedo na vagina e ânus de uma menina (própria filha!) de 5 anos e, depois,
MAGICAMENTE, mudar o seu comportamento. É claro que o pedófilo continua com a
sua prática doentia, o que não se configura no caso, tendo em vista que ANTÔNIO
é inocente e nunca foi pedófilo. Não há
cura para tal desvio de personalidade, sua mente, seus desejos são voltados
para esta prática, colocando em risco toda a comunidade em que ele vive em todo
o momento. Mas já se passaram 15 anos e o que aponta sua família é que é
pai amoroso e pessoa trabalhadora (fls. 176, 177, 178, 182, 199, 270,
284).
Os laudos
psicológicos e sociológicos apontam que “não se pode afirmar
categoricamente que houve abuso sexual” (fls. 85). O parecer da pós-doutora em
violência sexual infantil (Pós-Doutora Cassandra França, fls. 228) aponta que
uma perícia não pode comprovar abuso sexual isoladamente. E aqui, no caso, a
defesa demonstra o destempero, as ameaças e promessas de Maria contra o réu.
Por
outra, nestes autos não consta nenhuma prova que os filhos tenham ficado com
algum problema psicológico ou psiquiátrico, problemas de agressividade etc.
Pedido
Por tais motivos, deve prevalecer o status libertatis do réu absolvendo-o, nos
termos do artigo 386, inciso II, do CPP.
Ad
argumentandum
Ad
argumentandum tantum, o concurso de crimes não restou comprovado em nenhuma
modalidade. A própria Maria afirmou que o réu não ia visitar os filhos (fls.
14). Gabriela afirma que “acha que ele não fez isso outros dias” (fls. 84).
Termos em que,
Pede deferimento.
Belo Horizonte, 15 de junho de 2013.
WARLEY
RODRIGUES BELO
OAB/MG
71.877